"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ninho das Águias

Tão perto, que ainda posso ver Caxias. Tão longe, que ninguém me vê, sequer me imagina. É tão fácil e tão difícil chegar aqui, basta seguir a estrada: difícil é pôr-me nela. Paradoxal como a escrita: é fácil, difícil, eu sei, mas não sei.
É tão alto que ouço uma criança dizer “Mãe, aqui é o topo do mundo!”. Surpreendida pela frase, penso na sensação que a levaria a falar tal coisa, tão espontânea, tão óbvia, e fecho os olhos pra entender melhor... e me sinto no topo do mundo! Imaginação é um exercício tão fácil, tão divertido, que não entendo porque paramos de usufruir dela à medida que crescemos. Abro os olhos para contemplar uma infinidade de montes, permeados pela magnífica luz do sol, fazendo riscos de luz e sombra na paisagem esverdeada, e me vejo olhando a serra toda de cima, vendo cidades distantes a palmos uma da outra, e elas próprias, com pouco mais de um palmo...
Olho pra cima, e vejo o céu, e só. Fecho os olhos, e sinto o vento, e imagino que a vida deveria ser feita puramente de momentos como aquele. Ah, se a felicidade pudesse ser guardada para ser repetida mais e mais...

Eu estava no “topo do mundo” e meus sentimentos também. Desci em partes; a distração, a parte de mim que escreve, propriamente dita, ficou por lá...

(10/08/2007)