"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

terça-feira, 15 de março de 2011

Silêncio - I

O silêncio é poético. Muito já se escreveu sobre ele, e ele frequentemente é associado à ideia de sabedoria. Talvez pelo fato de as pessoas sábias falarem pouco e ouvirem muito, talvez pela simples incógnita contida em um par de olhos fixos e lábios selados.
Silêncio é estratégia. Quando falamos pouco, é mais fácil calcular tudo o que dissermos, aumentando o nosso controle sobre a imagem que as pessoas tem de nós, e diminuindo o risco de cairmos em contradição.


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Ouvir música é uma delícia. Faz bem à alma, à mente e ao coração. Pertenço ao grupo de pessoas que acredita que a vida deveria ter trilha sonora. 
Mas o silêncio é igualmente prazeiroso. Todos precisamos de momentos em que as palavras ritmadas não nos assomem o pensamento. Precisamos, algumas vezes, dar uma folga à audição, para usufruirmos com maior intensidade dos demais sentidos.

Meu silêncio, nos últimos meses, é absolutamente interior. Nem estratégico, nem poético. Apenas reflexo de mais uma transição. Não é a primeira vez, e nem será a última em que as mudanças em mim são tão expressivas, que aplico o silêncio à escrita para desvencilhar-me de uma inverdade. Porque, em um período de transição, qualquer coisa que eu escreva será, potencialmente, uma mentira.