Toda a palavra escrita é fruto de um desejo. Desejo de companhia, de expressão, de notoriedade. Em frases tristes, há uma necessidade de compreensão, de justificação. Ou de salvamento. Na publicidade, desejo de indução, de formação de opinião, de convencimento. Há palavras escritas com desejo de resposta. Outras, com o de solidão.
Por que falo sobre escrita e sobre desejo? Pelo fato de que um texto que iniciasse com desejos explícitos de maneira clara não poderia ir muito longe. É o nosso papel fazer-nos entender ao longo do texto.
O que eu queria, ao escrever este texto, era ir muito além do alcance das palavras. Ir além do alcance do tempo, e permitir que meu desejo fosse conhecido mesmo depois de expressado e esquecido. Superar o espaço e encontrar, em determinado ponto do planeta, a causa da movimentação da minha alma e de seus quereres e dos meus dedos, quando escrevem.
É uma vontade de dizer sem dizer, de querer estar perto, de ser entendida sem precisar ser clara. É vontade de vida, de poesia, de compartilhar o que há tempos já não existe.
No final das contas, é um querer fazer saber o quanto alguém é importante. É a vontade de satisfazer um pequeno desejo do objeto dos meus.