"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Memórias Guardadas - Carta sobre uma meia

Às vezes me pergunto porque é que não escrevo mais, para guardar algumas lembranças em forma de palavras, e poder recorrer aos meus próprios escritos, quando a memória falhar. Estive pensando nos últimos três anos, na mudança radical de vida que eles representaram para mim. Na primeira casa que tive, longe da que cresci. Nas descobertas que viver com alguém diariamente traz. E pensei que deveria ter escrito, fotografado ou registrado mais estes primeiros anos do resto da minha vida.

Eu percebo que algumas coisas não podem ser capturadas em imagens ou palavras. Como, por exemplo, a meia manchada de tinta do paintball, que tu me mandaste jogar fora, afinal, a tinta não saía mesmo, e que eu decidi guardar, sabe-se lá porque. Sabes quando algo nos traz a viva sensação de um momento passado? Como uma música que não ouvimos há tempos, uma carta, ou uma fotografia? A meia trouxe uma. Lembrei de coisas tão materiais, como o tanque da casa antiga, os azulejos, o toque frio do piso da cozinha. Lembrei de um menino caminhando aos tropeços atrás de mim, falando aos tropeços, aprendendo a ser gente, no mesmo ritmo. Lembrei do medo que eu sentia, das milhares de dúvidas que eu tinha, da dor que nunca passava. Lembrei de achar que a vida andava boa demais pra ser verdade, e que logo algo aconteceria, que esse algo faria tudo ir abaixo novamente, como era normal para mim. Lembrei da raiva que eu sentia por saber que nada duraria e, sobretudo, da tua eterna paciência com todas as consequências deste mar de confusão que habitava minha mente. Lembrei do teu abraço, quando eu te dizia que não fazia o menor sentido tu estares aqui.

Sabes que, sentido mesmo, ainda não faz? Porque raios alguém da tua idade, com tudo o que tinhas pela frente, abriria mão de uma vida sossegada para dar sossego a alguém com uma carga de problemas potenciais tão grandes? Porque é que alguém daria até mesmo suas noites de sono para embalar um menino e sua mãe, e dar a eles a certeza de que uma vida boa e em paz era não apenas possível, mas já era uma realidade? Eu não sei. E, naquela época, eu temia que, em algum momento, tu percebesses esta falta de sentido como eu percebia, e tudo fosse acabar quando eu menos esperasse. Por isto, eu estava sempre alerta. Desta vez, não seria pega, de surpresa. Desta vez, eu veria tudo antes de acontecer. Exceto que, o que eu menos esperava, aconteceu: tudo continuou em paz.

No meu aniversário anterior, eu havia recebido um presente estranho. Uma palavra apenas, entregue pelo correio, que eu tomei como um mal galanteio, afinal, nem romântica era, a palavra. Eu apenas não conseguia entender o alcance e a força da tua resolução em torná-la uma realidade para mim. Eu apenas não conseguia acreditar que alguém visse algum valor na minha vida, depois de ela haver sido tão desvalorizada e torcida por outras pessoas. Mas ali estavam o cartão e a palavra e, a mil quilômetros
de distância, estava alguém decidido a torná-la real.

Hoje eu tenho a chance de te ajudar a viver essa palavra na tua vida. Hoje eu tenho a oportunidade de ser forte, e de fazer por ti um milésimo do que tu fizeste por mim, há mais de três anos. Hoje eu não tenho mais medo, porque tu estiveste aqui durante todo este tempo, me ajudando a recomeçar. Quando eu não era mais que um cachorrinho assustado, teu amor enxergou o que eu poderia ser, e teu amor nos fez superar todas as dificuldades que meu coração turbulento (e as minhas más escolhas do passado) colocaram no nosso caminho. Meu amor era uma sementinha, e tua paciência cuidou dele para que ele pudesse crescer forte. Hoje, à sombra desta imensa árvore, eu te digo que podes ir. Afinal, se mil quilômetros permanentes não afetaram o que era apenas uma possibilidade tênue, dez mil temporários não farão nem cócegas em um amor estabilizado e enraizado.

Uma meia, querido, e um furacão passou pela minha cabeça. Uma meia só, e eu lembrei de tanta vida. Das sensações, da palavra, e da força do teu amor. Melhor eu parar com a arrumação, antes que eu encontre o outro pé da meia.

(PS: Revisão, em cartas sentimentais, é para os fracos. Recomeço, ah, esse sim, é para os fortes).

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Da falta de ouvidos e línguas

O problema dos dias de hoje é que já não estamos interessados em ouvir ninguém e, portanto, já não há ninguém disponível para nos ouvir. Saímos, então, nos expressando superficialmente nas redes sociais, e tendo a falsa sensação de estarmos sendo ouvidos, quando na verdade, não estamos. Aquilo que realmente queremos dizer passou longe do que realmente escrevemos, e nossa sensação de engasgo aumenta a cada dia. 
Ninguém nos conhece bem, nem sequer nós mesmos: se nada falamos, perdemos a chance de nos descobrirmos, de transformarmos em verbo e analisarmos aquilo que sentimos.

A superficialidade e a efemeridade das relações (reforçadas pelas redes sociais) é que são o verdadeiro mal do século.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O que dura neste mundo

A gente tem essa sensação de perene, de eterno. Mas somos transitórios. Vamos passar, e a grande maioria de nós, em branco. Seremos apenas fonte de novas gentes do futuro. Lembrados por nossos filhos e netos enquanto eles existirem e pensarem em nós, mas não muito além disto. A admiração é uma forma de sobrevida. Despertamos nos outros sentimentos e deixamos histórias que podem durar uma vida ou duas, mas, por fim, a maioria de nos vai virar menos que pó no mundo das memórias.

A escrita é eternidade. 

Não somos

As coisas mudam. Poucas frases sao tao certas e dotadas de um sentido tão amplo. As coisas, as pessoas, os lugares, todos mudam. Mudam com o tempo, mudam por ação de algo ou alguém, simplesmente mudam.
O tipo de mudança que habita os meus pensamentos neste instante é de pessoa por pessoa, de gente que muda por causa de outras gentes. Às vezes, não é que a pessoa mude de fato, mas o olhar do outro sobre ela é o que a torna diferente. Se o outro a vê forte ou fraca, se a vê solene ou brincalhona, às vezes, determina a mudança. Se o ambiente exige determinado comportamento e a pessoa vive em demasia naquele ambiente, ela acaba se tornando mais e mais aquela pessoa.

Ao final disto tudo, somos folhas de papel em branco, suujando e rabiscando umas àss outras e apregoando nossa pretensa orginalidade. Propensas ao ângulo do olhar do outro, incapazes de realmente nos vermos como somos: o que de nós vemos é o que de nós queremos ou achamos que temos. O que de fato somos é indefinível, mutável e vulnerável aos ambientes em que vivemos. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O dia, a vida, a leitura


   Como explicar o que a leitura provocava nela? Era como se, enquanto ela não houvesse, a vida ficasse forçada a um stand by, como se nada do que fosse vivido pudesse ter um sentido, como se as coisas ficassem privadas de seu significado enquanto não pudessem se valer das palavras alheias para descrever sentimentos. E era assim: bastava ler pra se sentir movida, mexida, agitada. Compelida a fazer da vida qualquer coisa de diferente do que estava fazendo agora. 
    E seguia o dia, seguia a vida e também a leitura. Ela lendo e se sentindo obsoleta, perdida num tempo e num lugar onde ja não lhe era permitido existir com a plenitude que lhe era habitual, dividida entre a leitura e o desejo da escrita, entre a passividade exterior com que se aceitam as palavras de outros e o turbilhão interior por elas desencadeado. Queria viver, raios, queria a libertação de tudo o que a prendia e a forçava a uma existência inerme, parada e presa, suficientemente longe de tudo o que era seu, a ponto de não poder alcançá-lo, e dolorosamente perto, a ponto de cada movimento do dia mostrar-lhe as cores que ela havia perdido. 
    E havia o desejo, a necessidade de sentir, de tocar, de viver tudo aquilo que desfilava em letras diante de seus olhos. A sensação era de que haviam agulhas que, a cada compasso, a cada parágrafo, se enterravam mais e mais fundo em sua alma, como se um dançarino apaixonado por sua arte fosse obrigado a bailar sobre brasas. Sentia falta, sem saber de quem ou de quê, exatamente. Pensou em sentir falta de um amor seu, de um amigo, de um tempo. Mas era bobagem: o que sentia era falta de si mesma.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Falando em mudanças


Incríveis as coincidências da vida. Em um dia qualquer, estamos vivendo nossa vida como se fosse ser pra sempre assim. Entramos na rotina (ou a rotina entra em nós?) de tal forma, que já não fazemos planos para o futuro muito além das nossas férias - e olha lá. Na maior parte do tempo, estamos mesmo sobrevivendo para aguentar o mês, o semestre, o ano... Vivemos um dia depois do outro, acordamos e dormimos nos sentindo "só pelo feriado", esperando aquele momento em que poderemos "dar uma respirada" pra poder continuar na nossa roda de ratos. 
É aí que entra o inesperado: somos demitidos. Terminamos um relacionamento. Aparece, vinda do lugar mais inusitado, uma nova oportunidade de trabalho, que vai nos obrigar a alterar e repensar nossa rotina toda. Enviamos um e-mail inocentemente e o desenrolar dele acaba por nos mudar o rumo dos pensamentos no futuro. Viramos pais. E várias outras situações imprevistas, mas conhecidas, se encaixariam aqui. 
O fato é que é difícil imaginar quem seremos em dois anos, assim como há dois anos atrás, não poderíamos prever muito do que hoje somos. Até podemos planejar, pensar, definir alguns rumos pras nossas vidas, mas o fato é que Deus (a vida, o universo, use o termo que preferires) tem planos pra nós, e usualmente, eles não se encaixam com os nossos. E essa é a magia da vida: ela se move, se recria e se reconstrói. Ela se molda e se modifica a cada novo fato, novo acontecimento, novas descobertas. Pessoas entram em nossas vidas e mudam o rumo dela pra sempre; um livro nos modifica o pensamento, e já não conseguimos ver as coisas da mesma forma; uma viagem nos transforma irremediavelmente. A partir de de cada um destes fatos, somos diferentes. Não nos encaixamos mais na vida que pré-estabelecemos, e é necessário mudar. A vida urge, nossa alma grita, e acabamos por ceder e nos largar na torrente furiosa do desconhecido, do novo, das mudanças. 
Há quem relute, quem insista em se manter acorrentado á fraca ilusão de controle total sobre si mesmo e sobre sua própria vida. É uma questão de escolha, onde mesmo a falta dela não deixa de ser uma opção feita. Se optarmos por não ver, não agir, não decidir, nossa decisão já está tomada: ao invés de nadar ao sabor das marés e correntezas da vida, seremos por ela arrastados e não moveremos braços e pés para definir um rumo, ou sequer respirar, entre uma onda e outra. 
Mesmo com aquilo que não nos é permitido mudar, podemos alterar nossa percepção, e sermos felizes - ou não. A gente pode ver a beleza na tristeza (e vice-versa, infelizmente), dependendo de como treinarmos os olhos da nossa alma. 

Quase tudo é uma questão de escolha. Se não nos cabe escolher a ação, ao menos nos resta o ponto de vista. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Escritor de mentira

Eu não saberia ser uma escritora. E por escritor, entendo alguém que é capaz de escrever "de fato", não apenas por mero conhecimento da língua e posse da capacidade de digitar. Escritor é aquele que domina as palavras, que consegue o feito de escrever um livro todo, e expressar pensamentos complexos para além de si mesmo ou, ao menos, escrever com certa regularidade. Ele é capaz de escrever porque precisa, porque tem prazos a cumprir, textos e livros a serem publicados. Vive do que consumimos, do que buscamos e avidamente devoramos, com os olhos e a alma. Nenhum destes é meu caso. 

Escritores, na maioria das vezes, precisam escrever sobre aquilo que deles se espera. Precisam dominar seus sentimentos e distorcer a própria realidade pra entregar aquilo que buscamos. O escritor carrega dentro de si a alma de criança, que brinca livremente por mundos que só existem em sua cabeça, e os torna tão reais que é capaz de compartilhá-los facilmente com quem estiver próximo. Precisam inventar mundos, verdades, mitos. Escrever requer uma distorção da própria realidade e sentidos que só mesmo quem tem uma certa aptidão para a fantasia consegue. Mesmo os autores do cotidiano, aqueles que nos falam sobre o dia a dia e sobre nós mesmos, precisam sair de si para poder escrever de verdade. Precisam ter, no mínimo, a capacidade de se apossar de histórias alheias e de jogá-las com propriedade no papel (hoje em dia também conhecido como "tela do computador"). Ninguém conseguiria falar sobre si e suas vivências o tempo todo, ninguém tem histórias suficientes e, os poucos que as tem, raramente passam tanto tempo sentados, lendo (que é como se aprende a escrever) ou escrevendo. 

Creio que a escrita requer uma certa predisposição para a falsidade, para a criação de mundos e de mitos, para a existência em lugares que não existem. Escrever muitas vezes é mentir. Decidir viver da escrita é estar pronto para as mentiras, mesmo que veladas, a que esta nos obriga: escrever sobre alegria com a alma cansada, sobre tristeza com um sorriso nos lábios, escrever sobre o silêncio quando as palavras gritam tão alto que saltam para o papel e, muitas vezes, escrever sobre amor com o coração partido.  

A grande maioria dos bons escritores é de escritores de mentiras. Eles conseguem mentir para si mesmos enquanto produzem algo completamente distante daquilo que trazem na alma - e eu só poderia traçar um paralelo com um hipopótamo que acredita piamente ter gerado uma arara. Alguns acabam por mentir com tamanha convicção, que chegam a crer que o texto é mesmo seu. 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Textos livres

Meus textos mais sinceros nunca foram escritos. Minhas palavras mais livres, vindas do recôndido mais oculto da minha alma, nunca puderam chegar aos dedos. Garanto que não foi proposital: eles é que não conseguem força para chegar à superfície no momento em que posso capturá-los e dar a eles uma forma. 
Os sentimentos e sensações que geralmente inspiram a palavra escrita precisam de liberdade total sobre nós, precisam nos ter por inteiro para poderem se manifestar. Não é suficiente estar esperando por eles, ou tentar resgatá-los ao sentar na frente do computador: eles desconfiam daquelas mãos livres e da mente solícita, e ficam quietos, até que estejamos completamente relaxados e desprevenidos. Quando tomamos banho, distraídos, quando estamos no ônibus, inertes e relaxados, ou especialmente, quando estamos com as mãos ocupadas e a mente completamente livre (estado usual de quem faz trabalhos manuais, como artesanato) eles vem. E vem intensos, num rompante de dentro pra fora, varrendo em ondas os sentimentos que estiverem no caminho entre nossa essência e nossa consciência. 
Ah, e a esta sensação de ser invadido por aquilo que se é e se pensa, não há equivalentes. É o puro prazer de ser, é o momento em que tomamos posse de quem realmente somos, e nem prestávamos atenção. 

***

Enquanto eu não puder relaxar a alma, enquanto não puder viver a distração que dá origem à escrita, não considero que vivo: existo. Só vivo de verdade quando posso parar o mundo para ser sem pensar, sem medir. Sossegar o espírito e ocupar as mãos.
Nesses momentos em que a consciência súbita do que realmente sinto me invade, é que sou livre. E, livre, posso continuar a ser quem sou, ou simplesmente escolher me transformar, a partir do ponto em que realmente souber o que trago na alma. 

sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre formas e espaços

Um dia, sem mais nem menos, a gente acorda diferente. Já não queremos as mesmas coisas que até ontem queríamos, já não temos mais os mesmos pensamentos, nem os mesmos desejos. Percebemos que já não cabemos na mesma vida que sempre tivemos, que crescemos demais ou o espaço encolheu: é preciso partir em busca de um novo espaço, de um novo mundo.
Não é culpa nossa, nem de ninguém. Crescer faz parte de sermos humanos, é a ordem natural das coisas. Como a uma criança que cresce as bonecas já não satisfazem, a nossa alma já não se contenta com o que até então nos era certeza, e delas, a única que nos resta é a necessidade de mudança. É de dentro pra fora, é quase inevitável. 
Mas às vezes, relutamos. Insistimos no espaço já acostumado à nossa alma, queremos nos obrigar a viver apertadinhos, de uma forma que contraria os princípios de renovação do universo. Sofremos e, no final, acabamos por aceitar nossa nova condição da forma mais difícil. 

E se fizéssemos diferente alguma vez? E se aceitássemos que já não somos os mesmos, logo, as mesmas situações e perspectivas já não servem? E se... ?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Desculpas e desculpas

   A vontade de escrever não passou. Nem sequer diminuiu. O que mudou foi a disposição para expôr minha alma e meus pensamentos. 
   A gente nem mesmo sabe o que quer da vida, na maior parte do tempo. Quando adolescentes, queremos destaque, queremos respeito, queremos ser os melhores. Mas ao mesmo tempo, a gente quer sumir na multidão, não queremos ser notados, queremos sossego. 
   Quem escreve quer companhia. Quer eternizar palavras e pensamentos, quer mostrar-se para ver como é que é visto. Mas ao mesmo tempo, não quer ter que explicar situações interiores, não quer ser mal interpretado. Queria só escrever. A gente busca a liberdade de expressar nossos sentidos, quer sempre escrever mais e melhor, quer ser capaz de pintar com palavras retratos da nossa alma no momento da escrita. Quer ser livre. Mas a nossa liberdade é por nós mesmos tolhida ao selecionarmos os pensamentos, repensarmos frases, palavras e expressões que possam - ou não - gerar qualquer tipo de reação adversa em quem nos lê. Em momentos em que a alma nos pesa e a escrita poderia ser uma libertação - se dividirmos o que nos assola com quem quer que nos leia - muitas vezes paramos. Sabemos que, ao dividir nosso peso, podemos estar fornecendo material para quem quer justamente o oposto: descarregar sua futilidade e vazio em cima de nós.
   Na impossibilidade de me definir, de entender o que realmente quero do ato de escrever, continuo a fazê-lo. Mas escrevo sem compartilhar o que quer que eu pense e diga; preferi um blog privado, fechado, onde absolutamente nada nem ninguém me impede de dizer exatamente o que desejo. Um lugar onde não preciso me preocupar com os abutres da minha alegria. 
   Esta também é a razão pela qual não tenho postado muitas fotos, nem publicado em nenhuma rede social as "interioridades" que costumava postar. Cresci e virei adulta, e entrei em uma fase específica da vida em que a minha bagagem é tudo o que meus braços desejam suster: não preciso mais carregar a insuficiência da vida alheia. 

   Isto não é uma despedida deste blog, muito pelo contrário: é uma justificativa por tanto tempo passado com textos cada vez mais raros. Pretendo voltar a escrever aos poucos, conforme for aprendendo a não ser mais assunto, à medida em que reaprender a maravilhosa arte da observação. 

terça-feira, 15 de março de 2011

Silêncio - I

O silêncio é poético. Muito já se escreveu sobre ele, e ele frequentemente é associado à ideia de sabedoria. Talvez pelo fato de as pessoas sábias falarem pouco e ouvirem muito, talvez pela simples incógnita contida em um par de olhos fixos e lábios selados.
Silêncio é estratégia. Quando falamos pouco, é mais fácil calcular tudo o que dissermos, aumentando o nosso controle sobre a imagem que as pessoas tem de nós, e diminuindo o risco de cairmos em contradição.


***

Ouvir música é uma delícia. Faz bem à alma, à mente e ao coração. Pertenço ao grupo de pessoas que acredita que a vida deveria ter trilha sonora. 
Mas o silêncio é igualmente prazeiroso. Todos precisamos de momentos em que as palavras ritmadas não nos assomem o pensamento. Precisamos, algumas vezes, dar uma folga à audição, para usufruirmos com maior intensidade dos demais sentidos.

Meu silêncio, nos últimos meses, é absolutamente interior. Nem estratégico, nem poético. Apenas reflexo de mais uma transição. Não é a primeira vez, e nem será a última em que as mudanças em mim são tão expressivas, que aplico o silêncio à escrita para desvencilhar-me de uma inverdade. Porque, em um período de transição, qualquer coisa que eu escreva será, potencialmente, uma mentira. 

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu gosto, eu sinto.

Gosto do ar levemente rarefeito da serra. Gosto de ver araucárias onde quer que eu vá. Gosto de saber que chegou o inverno, porque está saindo "fumacinha" da boca. E do cheiro de fogões à lenha, em meio ao ar gelado da rua. 
É gostoso entrar em uma casa aquecida, tirar a manta e o casaco, sentir o calor entrando no corpo, as mãos se degelando. E ver outras pessoas de bochechas rosadas de frio, nariz avermelhado. E pele branquinha, até uma determinada época do ano. Depois, as peles vão se bronzeando conforme janeiro se aproxima, e depois clareando em direção ao meio do ano. 
Gostoso ouvir as mesmas vozes, os mesmos toques de telefone, as mesmas músicas, em outros cômodos da casa. Gostoso ouvir as pessoas falaram se chamando por "tu", e jamais se dar conta disto. Ouvir palavras e expressões desde sempre, crescer, e descobrir que elas pertencem a um código apenas regionalmente entendido. 
E saber que andando na rua, podes encontrar alguém que já não via há tempos. E andar sem estranhar pela mesma rua, a vida inteira. E sentir, ao entrar na rua onde moramos, que já estamos em casa. 
Saber onde vendem tudo aquilo que gostamos. Saber qual cafeteria tem o melhor pastel, qual tem o melhor chocolate, qual loja tem as roupas que gostamos, onde comprar livros baratos. Saber o nome de muita gente, e muita gente saber o teu.
Pisar no chão da tua cidade, com aquele sentimento de posse gostoso que uma infância e adolescência inteiras te propiciam. Ter uma história em cada um dos lugares por onde se passa, nem que tenha sido um sorvete, uma brincadeira de gangorra, uma foto, uma conversa, um encontro. Ter as pessoas que a gente ama por perto, ganhar abraços, compartilhar cafés.
Ah, e o cheiro de café...

domingo, 20 de junho de 2010

De batom e pijamas

  Não há um equilíbrio entre “ainda longe” e “perto demais”. Quando se é ainda distante, fica a ansiedade, o querer mais, o desejo de proximidade, de descoberta. O desejo de compartilhar mais do que aquilo que os olhos podem ver, e que os ouvidos podem ouvir. Enquanto não houver contato constante e crescente, não há aquela entrega de alma, tão gostosa. Deixar o humor andar de pijamas, mesmo com gente olhando.
  Andar de salto alto é uma delícia que só a transição da adolescência explica. Andar bonita, sorrir bonito, usar batom. Tirar o salto no final do dia é um prazer adulto. Calçar as pantufas, colocar uma roupa quentinha e não ser coisa nenhuma: desligar o “ser” para apenas “sentir” conforto. Sorrisos branquinhos, brincos pesados, pernas cruzadas, a gente gosta, mas deixa pra amanhã.
  Ninguém é Miss o dia todo, ninguém é modelo a vida inteira, por mais que goste. Não há maquiagem que resista ao banho e, ao que me consta, não se entra de sapatos no chuveiro. Sem contar que dormir de cílios postiços é uma tragédia. Isso serve pra alma também, a gente precisa de descanso. Mas não se anda de pijamas na frente de qualquer um. A gente precisa de um mínimo de intimidade, ou confiança, ou o que quer que usemos como critério na escolha de amigos e amores.
  Só que nem sempre se entra no convívio alheio pronto pra encontrar alguém descabelado. Nem todos querem descobrir que chegaram perto de alguém que parecia sedutor e implacável, mas na verdade era frágil e doce. Querem a alma de prontidão, segurança e olhares sedutores mesmo na hora de dar bom dia. Como assim, pijamas?
  Em algum lugar entre o “longe” e o “perto”, a alma despida é bela, as pantufas são uma bem vinda novidade em um momento em que a proximidade iminente está repleta de descobertas; mas quando elas viram hábito, e no lugar do rímel vem a fragilidade, a euforia se despede: já não tem tanta graça assim.
  As pessoas falam sobre relacionamentos que esfriam. Prefiro dizer que apenas constatei que há um momento em que o longe vira perto demais, quando um dos dois não está pronto pros pijamas alheios. 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Post colorido e cheio de notas

Nada do que eu pudesse escrever diria tudo o que essa música diz. E hoje eu só queria fazer um Post que enchesse o ar e a mente, que pudesse ser sentido e respirado. 

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Não está mais aqui quem escreveu

Protelo, mesmo quando sei que a escrita é a única solução para um desfecho favorável para o meu dia. Protelo porque estou acostumada, protelo porque não sei como será, protelo porque sim. 
Deveria haver uma razão mais óbvia para as coisas que fazemos, para nossas atitudes, desejos e comportamento. Talvez haja e, neste caso, penso que talvez devêssemos estar mais preparados para ver o óbvio com a facilidade de quem analisa uma vida que não a sua. 
Muitas vezes, deixamos as coisas pra depois por cansaço, por comprovadamente não  gostarmos de algo, por sabermos exatamente o que acontecerá. No meu caso, costuma ser diferente: postergo porque desconheço o desfecho, o meio, os procedimentos. Deixo pra depois por medo de não saber fazer, ou de fazer de uma forma comum, sem brilho. É o maldito perfeccionismo me impedindo de existir, de viver. É a maldita auto-crítica que me habitua a perder para a dúvida, para o desconhecido. É o fato de parecer que, se não fizer, deixarei de cometer algum erro. 
O que me faz pensar que sou tão boa que não possa fazer nada que não seja perfeito? Como foi que parei sobre este pedestal da perfeição, que é tão frágil quanto falho, baseado em algumas poucas vitórias que obtive, quando a vida me empurrou para a luta? E, o mais difícil de tudo: como faço para descer?

quarta-feira, 31 de março de 2010

E que venha o outono!

O dia hoje pareceu-me estranhamente colorido, como se alguém houvesse saturado as cores da minha vida. Para cada canto que olhasse, um novo contraste, novas cores. "Terá aquela cerca tido sua pintura refeita? E o céu, terá sido repintado?"
Mesmo nos locais onde haviam cores predominantemente claras, em tons pastéis, havia um placa, um letreiro, uma criança usando roupas coloridas. E todas as pessoas pareciam haver combinado de sair com suas peças de cores mais vivas. Que dia surreal! Seria possível que um sentimento se houvesse transmutado em sensação de forma tão visível, tão perceptível?

O calor aconchegante do sol integrava-se perfeitamente ao frescor do ar. De súbito, senti a necessidade de andar por caminhos diferentes, de dar uma volta maior e ver a praça.
Ah, a praça! Com suas árvores frondosas de cores vivas refletindo a suave luz do sol. Parecia ainda mais bela, iluminada diagonalmente pelo sol da tarde, já inclinado para seguir seu caminho e ceder lugar à noite. Ao olhar para o lado, enquanto caminhava por baixo da alameda lateral, foi-me impossível não deter-me para contemplar por alguns instantes a beleza do chafariz: devido à inclinação do sol, suas águas brilhavam suavemente iluminadas, jorrando em contraste com a sombra dos prédios, como se nelas repousasse a lua, aguardando a noite para retornar ao céu.
E assim transcorreu o dia cujas cores me surpreenderam até o último resquício de luz do entardecer. quando derramou todas as suas cores no pôr-do-sol, um dos mais belos que já vi.
De volta para casa, parei para refletir sobre o presente maravilhoso que Deus havia preparado para mim. Percebi que, ao encontrarmos o equilíbro e a paz, vemos coisas que, até então, não havíamos visto. Com o coração e a cabeça leves, nos permitimos elevar os olhos para tudo aquilo que nos cerca e enxergar de fato. Não é que o amor ou qualquer outro sentimento tornem o dia mais colorido. A verdade é que, quando somos enlevados por sentimentos de tamanha magnitude, nos damos conta - muitas vezes de forma interior e subjetiva - da verdadeira dimensão e significado da vida.

E que venha o outono! É primavera no meu coração.

domingo, 28 de março de 2010

Virando a página.

O ano passado representou a realização de um dos meus maiores sonhos, e a concretização do meu objetivo mais arduamente perseguido: concorrer ao título de Soberana da Festa da Uva.
Foram muitos percalços, muito estudo, muita batalha para que tudo o que vivi fosse possível. Mas o principal é que não foi uma tarefa realizada unicamente por mim: foi um trabalho de muitas mãos. 
Sem o apoio de tantas, mas tantas pessoas que não posso sequer pensar em enumerar, nada teria sido possível. 
Porém, embora eu permaneça Embaixatriz até o ano que vem, e pretenda continuar a exercer o cargo com a mesma dedicação que tenho tido até então, acredito que agora tenha chegado a hora de deixar que a Festa da Uva se torne, gradualmente, uma grata lembrança em minha história. Para que eu realmente possa me despedir desta rotina, é necessário que eu siga meus próprios ritos de passagem, entre eles, marcar o final deste conto de fadas moderno com uma postagem aqui no blog, que já carrega em suas linhas mais de quatro anos de história. 

Em primeiríssimo lugar, quero agradecer ao SIMECS, por tornar meu sonho possível e por compartilhar comigo o amor pela Festa da Uva, e por Caxias do Sul. À minha família e amigos, pelo carinho, amor, suporte e dedicação: sem vocês, eu jamais teria vivido este sonho tão intensamente. À Comissão Social, pelo cuidado com cada uma de nós, e por tudo o que nos proporcionaram neste período. Às minhas queridas mestras Tânia, Ciana, Regyna e a cada um que contribuiu com seu conhecimento e vivências durante todo o concurso para meu crescimento pessoal, meu agradecimento mais profundo e emocionado: vocês modificaram para sempre quem eu sou, de uma forma que jamais poderei expressar ou agradecer. Às Embaixatrizes e Soberanas da Festa da Uva de 2010, pela companhia, pela alegria e por dividirem comigo essa caminhada com todos os sentimentos e sensações que ela trouxe. Para sempre estaremos ligadas por esse laço secular e histórico, tão grande quanto significativo chamado Festa da Uva. Por fim, à toda a comunidade caxiense, pelo vivo afeto e respeito, por darem tamanha importância e significado a todos os dias empenhados em nossa função: muito obrigada. 

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Para sempre Embaixatriz do SIMECS (♥) na Festa da Uva de 2010.
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E, por fim, registro aqui o agradecimento feito em minha página pessoal no Orkut, e nas comunidades que foram feitas com tanto amor e carinho para apoiar minha candidatura: 


Queridos!
Trabalhei muito, vivi muito, senti muitas coisas. Fui muito feliz nestes quase três meses, e muito disto devo a vocês, por todas as coisas boas que ouvi, por tanto, mas tanto carinho que recebi. Tudo isto vai ficar para sempre gravado em minha memória e em meu coração. Vocês todos, que manifestaram seu apoio e afeto, tornaram o concurso algo muito mais significativo pra mim, e transformaram o resultado em uma sensação deliciosa de dever cumprido.
Eu só terei a agradecer, para sempre, por tudo o que tive o privilégio de viver.
Contem comigo para sempre, e recebam todo o meu carinho e gratidão.
Um beijo enorme no coração de cada um de vocês. 

domingo, 21 de março de 2010

Entre sonhos e objetivos

Alguns dizem que a vida é feita de momentos e que, como tal, devemos aproveitá-los ao máximo, extrair deles tudo o que puderem nos proporcionar. Outros insistem na máxima de que a vida é o próprio caminho da busca pela felicidade e, como tal, devemos viver intensamente a cada curva.
Seja como for, a vida é para mim, uma soma de aprendizados. É uma coleção de experiências que me enriquecem como ser humano, me modificam a cada acontecimento, me dizem como continuar a caminhar nesta estrada fascinante. E fazem de mim tudo aquilo que sou.
Estou prestes a começar uma nova etapa da minha vida. Uma etapa fascinante, enriquecedora e com promessas de muitas descobertas a fazer. Em troca de todo o conhecimento e alegrias que este período da minha vida poderá me proporcionar, ele exigirá de mim dedicação de lutadora, foco e muita perseverança. E sei que não estarei sozinha: tenho a sorte de poder contar com pessoas muito especiais, para fazer dos próximos meses, inesquecíveis. 

E que venha a vida, que venha 2010 e o Miss Rio Grande do Sul! Estarei com o coração e a alma preparados para eles.

O Extemporâneo

Porém, o difícil de aceitar, e portanto imposível de perdoar, é o extemporâneo: descobrir de repente uma pessoa comedida tendo uma atitude terrível e inesperada, surpreênde-la fazendo algo muito alheio a sua forma de ser. E não importa que depois de seu deslize volte a ser o poço de virtudes que era antes, nem que redobre uma bondade que já era grande. Nada, nem o mais extremo sacrifício conseguirá apagar essa única falta. Porque, em casos assim, não se trata de um "Dr. Hyde" ou demônio conhecido, mas de uma conduta extemporânea. E a extemporaneidade é aterradora. A extemporaneidade ninguém entende, porque introduz um fator imperdoável nas relações: o desencanto.


Fonte: Blog da Paula Taddeucci

Contradição

Somos todos versados em auto-torturas e desejos impossíveis. A felicidade só nos parece atraente se for libertadora, salvadora e inconstante, nunca contínua. Talvez por isto, mais do que nunca, estejamos juntos, estejamos perto. Porque nada substitui a dor e a delícia de um desejo eterno de felicidade. 
Falar disto não significa que eu, necessariamente o creia ou, menos ainda, que o queira. Mas é como me soa que as almas ajam, é como me parece que a vida siga; insistir no que dói, no que arde, no que enche de pavor, é um atributo exclusivamente humano. 
O amor, também este um atributo humano, ou é assim, ou é idealizado.

Si, si, ci voglio andare...*

São curiosas as formas que temos para preservar as memórias. Fotos, escritos, objetos. Todos eles, de alguma forma, são capazes de nos fazer recordar tempos passados. Mas a música, em especial, é a que mais me fascina. Mais do que apenas a lembrança dos fatos, ela pode nos remeter à sensação plena de momentos vividos. Ela provoca dores e sentimentos, saudades (ou mesmo alívio) pelo que se foi. Quanto mais preservada, quanto menos a tivermos ouvido depois de passado o momento que ela marca, mais intensas serão as sensações revividas, quanto tornarmos a nos entregar a ela.


Lembranças... Às vezes tenho a sensação de que poderia viver delas.


"...andrei sul Ponte Vecchio,
ma per buttarmi in Arno!
Mi struggo e mi tormento!
O Dio, vorrei morir!" *
*(O Mio Babbino Caro, Giacomo Puccini).

Un'altro strapo, un'altra pezza*

Tenho desejos incoerentes, de aventura e sossego, de amor e de paixão, de companhia e de autenticidade. De sonhos e de realidade.
Tenho receios de despertar alguém que possa cumprí-los todos, por que esse alguém também os pode destroçar. E com todos os meus desejos despedaçados, me despedaço também eu. 
Por amor ou por inércia, mantenho-me inteira (mesmo que com remendos), mantenho-me em pé,  lado a lado com a caixinha dos sonhos, mesmo temendo que dela saiam meus piores pesadelos e que eles me puxem pelo pé. 


E começo a crer que a diferença entre a verdade e a mentira encontra-se precisamente no quanto queremos crer. Em qualquer uma delas.




*Um outro rasgo, um outro remendo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Espinhos

    Quando queremos escrever alguma coisa, é necessário que antes coloquemos nossos sentimentos em ordem, da mesma forma que, para falarmos, é necessário organizar os pensamentos. Mas nem sempre a escrita consegue ser fruto de um pensamento centrado, ou de uma ideia exaustivamente pensada. Muitas vezes, sentimos apenas a necessidade de, com a escrita, alinhar a vida e o dia, consertar o coração e sossegar a alma. Queremos jogar sobre as letras os frutos que nossa alma produz, sejam eles doces, amargos ou insípidos. 
    Às vezes, nossa harmonia é quebrada, e nem sempre conseguimos identificar a causa exata, quanto menos a solução. A escrita não deveria servir de desabafo, mas é ela quem se impõe: o papel grita pela caneta, a caneta clama pelo papel e ambos se jogam, ao mesmo tempo, em nossas mãos. Nos fazem buscar, revirar e perscrutar nossa alma, em busca de qualquer espinho para ser expurgado. 
    Uma vez que o tenhamos feito, teremos então um texto, algumas descobertas e uma ligeira sensação de desabafo. A partir daí, só nos será necessário buscar coragem para deixar de lado os espinhos do pensamento e enfrentar os que nos impedem, verdadeiramente, de restaurar nossa harmonia.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Viagem, poema antigo

A luz que vi em teus olhos
refletida na lágrima tua
quando eu disse pra olhares a lua
será minha última imagem
antes da tua partida
rumo à amarga viagem
que vazios deixou os meus braços
pendendo tolos, inermes,
inúteis sem teus abraços.
Inúteis como minha voz,
no vácuo, onde o som não se ouve;
inúteis como a foz
de um rio, onde água não corre;
tolos, como a poesia
que nestas palavras morre;
tolos como o poeta
que, estando coberto de dor,
imita sua poesia
e há tempos morre de amor.


Escrito em 25/11/2003.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O desejo de [não] dizer

Toda a palavra escrita é fruto de um desejo. Desejo de companhia, de expressão, de notoriedade. Em frases tristes, há uma necessidade de compreensão, de justificação. Ou de salvamento. Na publicidade, desejo de indução, de formação de opinião, de convencimento. Há palavras escritas com desejo de resposta. Outras, com o de solidão.
Por que falo sobre escrita e sobre desejo? Pelo fato de que um texto que iniciasse com desejos explícitos de maneira clara não poderia ir muito longe. É o nosso papel fazer-nos entender ao longo do texto. 
O que eu queria, ao escrever este texto, era ir muito além do alcance das palavras. Ir além do alcance do tempo, e permitir que meu desejo fosse conhecido mesmo depois de expressado e esquecido. Superar o espaço e encontrar, em determinado ponto do planeta, a causa da movimentação da minha alma e de seus quereres e dos meus dedos, quando escrevem.
É uma vontade de dizer sem dizer, de querer estar perto, de ser entendida sem precisar ser clara. É vontade de vida, de poesia, de compartilhar o que há tempos já não existe.
No final das contas, é um querer fazer saber o quanto alguém é importante. É a vontade de satisfazer um pequeno desejo do objeto dos meus.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Primeiras trocas

          Sábado, aula de italiano. Surgem inevitáveis perguntas sobre o concurso (perguntas que, aliás, muito me alegro em responder).
          Em lugar do despojo (ok, desleixo) habitual dos sábados pela manhã (ok, de todas as manhãs - e de algumas tardes também), vestes adequadas, maquiagem condizente e cabelos escovados. E o mais surpreendente: botas de salto alto. Onde estão os tênis? "Posso ver que já assumiste a postura do concurso: já estás vestida de acordo". Claro, digo eu. E penso: "Agora é hora de ser adulta".
          Guardei os tênis - antes, sempre soltos pelo quarto, à mão - em uma gaveta de calçados. Antes de deixá-los, olho para eles com a ternura de quem contempla parte de si. Eles diziam tanto sobre mim!
          Depois dessa nossa última conversa silenciosa, fecho a gaveta com um suspiro. Deixei naquela gaveta muitas coisas sobre mim, coisas que não condizem com o grande momento que se aproxima. Para trás, deixo tudo aquilo que contraria o que construí e busquei, para que um sonho, o de viver algo maior que eu, se realize. 


          Guardei na gaveta os tênis, meu desleixo, minhas incertezas e inseguranças. Em troca, ganhei a leveza no meu sorriso. 
Leveza... Adjetivo perfeito para quem tem um longo e brilhante caminho pela frente. 


Escrito em 08/06/2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Conversa em branco

Queria muito que a distância não houvesse, que a internet ou a falta dela não me limitasse. Mas penso que isto é o que vai acabar salvando tudo.
Queria também, não ter a cabeça cheia de idéias e a alma de desejos, não ter tantas alternativas e possibilidades, não ter nada além de uma única saída. Não ter que pensar sobre as minhas escolhas, uma vez que elas estivessem feitas.
Não ser tão complicada e tão reativa. Não ficar insegura quando algo se modifica ou desaparece. Não precisar tanto de coisas nunca tive.
E nem sei se terei.
Queria ser mais adulta, e não ser tão adulta assim.
Queria correr pro final da história, e descobrir o fim.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Feliz dia do Encorajador!

"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".

(Rubem Alves)

Um feliz dia a todos os educadores. Que a alma de Rubem Alves esteja conosco - sim, também eu me coloco neste desejo de sabedoria. Porque, ainda que não seja como professora diplomada, uma vez que mudei o rumo da minha vida e troquei espero viver por toda a minha vida como um "anjo engravidante"*, a semear o desejo, a curiosidade e a descoberta.
Que tenhamos eternamente a vontade de incentivar a auto-construção, na mesma medida em que a desejamos e buscamos para nós mesmos.


* (Rubem Alves, "Entre a Ciência e a Sapiência".  Editora: Loyola, 2002)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

CDF.. Só se o "F" for de feliz


   Algumas vezes já me perguntaram qual o "segredo" para ir sempre ir bem na faculdade, o "truque" das minhas boas notas (a maioria, pais e mães). Impossível não recorrer ao óbvio - estudo e dedicação. O principal de tudo é querer aprender, encarar cada trabalho e tudo o mais o que acontece na vida (dentro e fora do campus) como fonte de aprendizado e crescimento e nunca dar-se por satisfeito com a nota média, jamais se conformar em ser mais um. Em tom de brincadeira digo que "sobreviver" ao final do semestre é para os fracos. 
    Pensando sobre o assunto percebi que, além da fórmula conhecida, o macete principal tem sido respeitar a mim mesma: minha alma, meus desejos e capacidade física e mental. Sou do tipo de pessoa que necessita de ambiente visual para ser feliz. Nem o melhor trabalho do mundo poderia me satisfazer plenamente se eu tivesse que passar todos os dias, o dia todo, em uma sala escura e fechada. 
   Se há algo que me tenha feito falta, nos anos em que estive em outra instituição de ensino, foi o campus. A estrutura da UCS (por mais que pudesse ser melhor em muitos aspectos, em especial, tecnologia) não tem comparação em termos de espaços e arquitetura.
   É de pequenos momentos que minha vida universitária é feita. Além do meu amor pelo conhecimento em si, que me move e motiva a participar das aulas com mais vontade do que é comum à maioria dos estudantes universitários da minha faixa etária, são os momentos agradáveis e o contato com a natureza antes e depois de cada aula que permitem que eu tenha vontade e disposição para enfrentar até três aulas seguidas.
   Entre uma aula e outra, tomar um café em um dos diversos bares e cafeterias da UCS, em companhia dos melhores [futuros] jornalistas e publicitários que já conheci, ou então circular, entre um bloco e outro. Sentar na grama, nas cercanias do CETEL ou realizar nossa histórica "farofada" semestral entre a biblioteca e os fundos do centro de convivência, ao lado de um dos laguinhos (repleto de tartaruguinhas) da UCS. Ler um bom livro ao na escada ao lado da cascatinha do centro cívico. 


Não é a escalada em si. São os morangos do caminho. 
Igualmente óbvio, mas este é o segredo. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Outono e Eu.


Fotos: Bruna Scopel Moreira

Canção de outono

O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...

Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
de carícia a contrapelo...

Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte alguma!


Mario Quintana
(1906-1994)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Entre ver e olhar

A Fotografia é uma coisa mágica. Eu sentia uma vontade doida de pintar meus pensamentos com todas as cores do mundo, mas faltava-me o talento para as artes plásticas. Eu recorria à escrita, que me permitia retratar descritivamente as cores da minha alma. 
Ainda assim, faltava a arte de dizer aos olhos, faltava a cor, a luz e a imagem, onde a palavra é implícita. 
A fotografia, de certa forma, supriu esta necessidade de comunicar, que a escrita, por si só já não era capaz de sanar. Faltava-me o verso sem som, faltava a poesia escondida, interpretada de forma diferente a cada olhar. Faltava a sensação de capturar e preservar jardins eternamente. 
Dentre tantas coisas que podem ser ditas a seu respeito, gosto do fato de a fotografia lançar um olhar atento ao que geralmente, a gente olha, mas não vê. Estas árvores da foto, por exemplo, estão situadas no coração do campus da Universidade de Caxias do Sul, mas garanto que nenhum aluno seria capaz de identificá-las. É um local de fluxo intenso, onde as pessoas passam, apressadas, e possivelmente nunca olham para cima. Eu mesma, não me lembro de tê-las percebido antes do dia em que tirei esta foto.
Há uma frase de Mário Quintana, que diz que "O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente."
Aprender fotografia, mesmo que minimamente, resgatou muito mais jardins do que as palavras que uso neste momento poderiam explicitar. 
Libertou-me a alma para expressar em cores, ensinou-me a fazer poesia com a luz e, o principal: treinou-me o olhar para que nunca mais os jardins da vida me sejam indiferentes. 

sábado, 5 de setembro de 2009

Ciclos de Outono





Afinal...
quem está pronto pra cair?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Importa "como" falar

A internet nos permite dois prazeres paradoxos: o de estar só e acompanhado ao mesmo tempo. Ferramentas como o twitter, por exemplo, facilitaram a expressão de sentimentos, sensações e pensamentos, dando a impressão de que haverá alguém pra nos ouvir, a qualquer hora.
Com isto, as pessoas têm extravasado exatamente aquilo que estão pensando, sentindo e fazendo, mas sem ponderar sobre o assunto, ou sobre a forma de explicitá-lo. Nos deparamos então com manifestações como "bom-dia", "indo pro banho", "cansada, vou dormir", "nada na geladeira", "boa-noite".
Não pretendo entrar na questão da relevância da informação, porque as pessoas não tem a obrigação de nos divertir ou informar a cada mínimo tweet - aí entra a máxima: "Não gostou? Clica em unfolow".
Mas sustento a opinião de que um mínimo de pensamento sobre o assunto, antes de postá-lo é vital. Isto inclusive satisfaz de forma mais eficaz o desejo enorme de comunicar que grande parte dos usuários de blogs tem. Nos proporciona satisfação com o nível da nossa comunicação.
Moral da história: Não importa saber quem entrou no banho ou foi comprar pão. Quando um ato corriqueiro do dia-a-dia gera um sentimento ou pensamento que, por sua vez, dá origem a uma manifestação verbal, aí sim importa. Mesmo que não seja necessariamente divertido, sutil ou profundo, tenho a certeza de que será mais significativo.

Os followers (e a blogosfera em geral) agradecem.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pocoyo!

Um dos meus pequenos prazeres é assistir a um desenho chamado Pocoyo. Não sei bem que resistente resquício de infância transformou esta animação, feita pra um público de três ou quatro anos, em uma diversão de gente grande. O fato é que é tão gostoso quanto assistir um seriado bom.

Ele é simples, com personagens coloridos em um fundo branco. Infantil, mas não "idiota" (como eram os telettubies, que eu considerava um programa deseducativo). O Pocoyo é um menininho (fofo!), que aprende coisas a cada episódio, e que fala todas as palavras direitinho. Voluntarioso, pra entender algumas coisas, precisa da ajuda do narrador e dos "amiguinhos", os quais só conhecemos as vozes. Tem outros personagens - a cachorrinha Loula, a Elefante Elly, o pássaro Sonequita, e o Pato. Adoro até a trilha sonora, que é uma gracinha.
Quando nos damos conta, estamos respondendo às perguntas do narrador e conversando com os personagens - quando não imitando o Pocoyo.

Todas as pessoas até hoje, que conheceram Pocoyo (e que eu tenha presenciado), não só gostaram, como viciaram. Uma pena que, em português do Brasil, só hajam três episódios no Youtube. Um deles aqui.
Enjoy it!

[Update] E é possível assistir Pocoyo todas as madrugadas, no Omedicast. Bem lembrado, André Maltempi.

O essencial é invisível aos olhos

O valor das coisas está no valor que podemos atribuir a elas. Uma casa pode não ser só uma casa, ela pode ser a lembrança de um dia de sol, de um arco-íris, de brincadeiras, de banhos de chuva. Uma foto pode ser mais do que uma imagem: tudo depende de que tipo de pensamentos ela pode evocar, que cena ela retrata, e qual a importância deste momento pra alguém.
Essa manga retratada na foto tem muita história. A história da foto, no qual foi baseada sua releitura; a história da viagem que fiz para conseguir a foto (e de tudo o que aconteceu neste percurso), a história da decisão em fazê-la, a história dela mesma, dos momentos que passei com ela. As sensações que ela evoca, as imagens, pensamentos e pessoas, tudo isto tem um valor muito grande em significado que eu espero, um dia, poder transmitir com a amplitude de alma que ela merece.

(título: frase de Antoine de Saint-Èxupery)

Gigante

Engraçado, as crises da nossa vida vão nos dando forma e nos definindo. Mas a cada uma delas, a sensação é de que nos perdemos e perdemos nossa essência. Cada momento difícil traz uma série de aprendizados e mudanças - nem sempre conscientes e raramente solicitados.
Mas a gente cresce, a gente evolui. E, depois que passa, fica pronto para a vida, pronto para novas batalhas. Pronto para usar tudo aquilo que aprendemos, na conquista de novos espaços.

***

O problema é que, de tanto crescer, ela virou um gigante. Um gigante grande e desajustado, que procurou espaço toda a vida, esperando o momento certo de buscar e assumir o espaço final, tão querido e sonhado, para o qual tratou de aprender e crescer tanto quanto pode.

Acho que não vai caber em lugar algum, de tanto que cresceu com a perda deste espaço.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Pensando

Que às vezes dá medo de sonhar tão alto, de fingir que o mundo é sincero. De acreditar nos valores dos seres humanos (nos valores pregados pelos seres humanos, não nos praticados).
Será que depositar sonhos de toda uma vida em mãos alheias é realmente uma boa idéia? Será que eu não deveria guardá-los pra mim, e mantê-los como uma eterna possibilidade, um eterno sonho?
Eu escolho duvidar do que ouço, e acreditar no que sinto.
Só espero que, tão alto quanto meu sonho, não seja a queda.
Que, tão certa quanto minha capacidade, formatada por toda uma vida, seja a chance sem méritos de outra pessoa.
Texto cinza, para tentar fazer um contraponto ao meu humor para permanecer próxima do chão.
Mas é tão difícil! O mundo tão está lindo, colorido, e pleno, que dá vontade de não passar destes dias nunca mais. Dá vontade de nunca mais desacreditar das coisas boas.
E de agradecer a cada um que passa por mim, tamanha é a minha felicidade.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aqui pra você, Auto-crítica!

A necessidade de expressão é algo muito presente em mim. É algo que sinto, mas que talvez nunca viva plenamente, porque a necessidade que tenho de me expressar é diretamente proporcional à impossibilidade de fazê-lo.

O motivo? A auto-crítica.

Por mais necessária que seja, por mais falta que faça em quem não a tem, tê-la em excesso é complicadíssimo. Impede que textos sejam postados, idéias sejam expressadas e situações deixem de ser vividas.
Por exemplo: pra que este texto saia, preciso fechar os olhos para a obviedade da situação que descrevo agora. Digo que a auto-crítica é necessária, mas que seu excesso é prejudicial. Com isto, culminaria em um ponto do texto onde eu diria que a chave está no equilíbrio, entre a falta e o excesso. "Excessivamente óbvio para ser postado", diria Dona Auto-crítica.

Eu gostaria muito que minha auto-crítica tivesse forma, olhos e uma expressão ridiculamente severa, pra que eu pudesse chegar bem pertinho, olhar nos seus olhos, encher os pulmões de ar e dizer um sonoro "E daí?"

Oras.

(E sem revisão, só pra ela ver quem manda aqui.)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Feliz todos os dias (e não só hoje!)

"Olá Garotas" (by Bruna Foca)!

Quantas coisas tem acontecido conosco nos últimos dias, não é mesmo?
Um monte de sensações novas, diferentes; lugares, pessoas, histórias e oportunidades de crescimento, coisas que temos vivido e conhecido neste tempo.
E quantas risadas, não? Quantas alegrias, quantas correrias, quantos truques (pra não quebrar unha, pra não doer pé, pra não sair maquiagem), quanta ajuda, quanto aprendizado, quanto suporte, quantos sonhos...

Estivemos juntas até aqui, às vezes nos vendo mais do que à nossa família, especialmente nos finais de semana. E este brotinho de amizade e esta união linda que está crescendo a olhos vistos entre nós tem sido fundamental pra que os dias tenham sido tão "coloridinhos" e tão cheios de vida!
Estamos nos conhecendo melhor a cada dia e, a cada encontro, me sinto mais e mais privilegiada por estar vivendo este momento e especialmente, pela oportunidade de conhecê-las.
Sabem que às vezes, tive vontade de perguntar no meio de uma conversa, "Onde tu estavas todos estes anos, que eu não te conheci antes?" :]

Quero que saibam que, como grupo, vocês são tudo o que pedi a Deus, durante os meses que antecederam o concurso.
Como pessoas, são muito mais do que eu poderia pensar em pedir!
Conquistar a amizade de vocês, dia após dia, tem sido um privilégio, uma dádiva, que espero poder retribuir de coração.
Tenho orgulho de fazer parte deste grupo que se apóia, que se conhece melhor a cada dia, e que é formado por gente que vale muito!

Desejo a todas nós muito sucesso! Que Deus permita que tenhamos a oportunidade de aprimorar os sentimentos que existem entre nós, para que permaneçamos ligadas de coração por muitos e muitos anos!
Que nós continuemos a nos encontrar sempre, e que possamos comer juntas todos os salsichões com pão a que temos direito! Hehehe...

Que quebremos muitos recordes ainda, que a nossa (sim é NOSSA, garotas, e niguém tira!) edição da Festa seja a melhor, mais linda, mais TUDO de bom que as outras (o que vai dar trabalho)!
Que o nosso grupo surpreenda ainda mais a todos pela união, pela amizade e pelo engajamento, e que fiquemos na história como o melhor grupo de embaixatrizes de todos os tempos!!

Amo vocês!

PS: Sim, tudo isso era pra dizer Feliz dia do Amigo. Mas tinha sentimentos aqui pra mais uns dez e-mails desse tamanho!"


(Optei por postar, porque considero que a homenagem é merecida.)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Afiando o Cálamo...

Paviani retratou tão deliciosamente a diferença entre Memória e Lembrança, que me convenceu a dar vida ao "Diário de Candidata". Palavras, sempre elas...

Mas o que quero retratar aqui é diferente do que se esperaria de um diário. Quero registrar o que realmente é necessário ser guardado - sob pena de evaporar-se dos baús da memória: as sensações, os sentimentos, os sabores; a doçura destas dias tão especiais, que tem imprimido um colorido tão novo, tão diferente à minha alma. Quero pintar estas cores da forma como aprendi a fazê-lo - com a escrita - para guardá-las para sempre no estado exato em me impeliram a expressá-las.

Tenho a certeza de que, a cada vez que eu os reler, viverei novamente as sensações destes dias, assim como ver uma fotografia antiga nos faz viver denovo momentos que já foram.
Afinal, não seriam as palavras - a exemplo da fotografia, que retrata imagens - um retrato da alma no exato instante em que são escritas?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pessoas I - Túmulos

Pessoas. Elas me fascinam, porque são incógnitas: são como caixinhas fechadas. Extrair seu conteúdo real pode ser fácil, difícil ou impossível; às vezes, pode levar um tempão.
Pessoas desiludem. A gente encontra conhece e convive com elas, e quando vai olhar dentro, descobre que não tem nada lá, ou pior: o que a gente encontra nelas é feio e triste. Aí, mesmo que a parte de fora seja absolutamente linda, a gente começa a olhar diferente, começa a perceber no exterior traços da feiúra interna, e o que era bonito, derrepente fica feio, sem graça. Dá pena.
A maioria das pessoas é assim, chega a dar medo de sair por aí abrindo caixinhas... Tenho passado meus dias em meio a estas criaturas, que são como túmulos: por fora, paredes brancas de caiação, por dentro, cadáveres em decomposição.


"And I've been smiled for them for the past last months. But what I really wanted was to cry. Sad, sad."

quinta-feira, 12 de março de 2009

Nem tão óbvio assim.

Uma das características mais marcantes de um mau-dia é que ele parece não terminar nunca. Um mau-dia é feito de várias coisas (fatos e fatores), dispostos ao longo do dia de forma totalmente caótica.

Caos?

Atraso. Café frio. Sapatos desaparecidos, roupas amarrotadas. Mau-humor. Bolsas pesadas, ônibus perdidos, trabalho. Mais mau-humor.

Incoerências, relatórios que não funcionam, planilhas pouco intuitivas, desordem. Conversas improdutivas, gente que não te entende, gente que não entende de coisa nenhuma. Mentiras.

Cansaço, correrias, táxi-lotação errado, mais atrasos. Esperas intermináveis na porta da sala, matéria perdida, eu perdida.

Ônibus que não chega nunca, frio que sempre chega quando menos esperamos. Salto alto e dor no pé. Dor de cabeça.

Outro ônibus que não chega, fumaça de churrasquinho, fumantes que não pedem licença pra fumar em cima da gente e ainda soltam a fumaça assim ó, bem na nossa cara. Pensamentos inoportunos.

Pensamentos insistentes e inoportunos. Decisões incertas, Amores que crescem separados, indecisões e remorsos protelados. Culpa. Outro fumante.

Caminho de volta, bolsas, sacolas, pensamento lento, conversas interessantes.

Coisas pra fazer, dor de cabeça, carboidratos tardios. Preocupações antecipadas.

E, o pior de tudo, a certeza de que recomeça tudo amanhã.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Uma forma musical de explicitar...

         Nunca dei bola pra "desafios entre blogs", detesto correntes virtuais de qualquer tipo. Essa mania de "passe adiante", os famosos "memes", como são chamados na blogosfera raramente parecem que darão um "caldo", literariamente falando.
Mas tenho uma implicância especial com os "memes" para eleger os melhores blogs: neste caso não vale conteúdo, valem os contatos. Tenho muitos blogs maravilhosos nos feeds (caso do riozebratubo.wordpress e do paradoxium.blogspot) que não brincam de rede social com seus blogs e, portanto, jamais seriam indicados pra este tipo de competição. Uma injustiça.

Meus "blablás" pseudo-intelectualistas-mau-humorados à parte, encontrei um interessante no "Dália Rosada", e penso que este possa ser significativo em termos de expressividade. Vou fazê-lo até mesmo porque, ninguém me indicou e eu não irei indicar a ninguém, logo, não é mais corrente. :D

1-Colocar uma foto individual
2-Escolher um artista ou banda preferido
3-Responder as questões com os títulos das canções do artista escolhido.
4-Escolher 4 pessoas para passar o desafio. - Há!



1. Foto:



2. Avril Lavigne (Trilha sonora do meu Ensino Médio. Em termos de diversidade dos títulos, penso que vá facilitar minha vida).


3. Respostas:


És homem ou mulher?
One of those girls

Descreve-te:
Anything But Ordinary

O que as pessoas pensam de ti?
Complicated :)

Como descreves teu último relacionamento?
Tantas possibilidades... Deixem-me ver.
He wasn't - pelo título.
My Happy Ending - pela letra.

Descreve o estado atual de tua relação:
I can do better

Onde querias estar agora?
Knocking on a Heavens Door ;)

O que pensou a respeito do Amor?
Things I'll Never say

Como é a tua vida?
The best damn thing o/

O que pediria se pudesse ter um só desejo?
I always get what I want - Há!
Eternity (but I already have it ;)

Escreva uma frase sóbria:
(I'm not) Nobody's fool.




Expressão é a Intenção. E pontoponto. :)