"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pessoas I - Túmulos

Pessoas. Elas me fascinam, porque são incógnitas: são como caixinhas fechadas. Extrair seu conteúdo real pode ser fácil, difícil ou impossível; às vezes, pode levar um tempão.
Pessoas desiludem. A gente encontra conhece e convive com elas, e quando vai olhar dentro, descobre que não tem nada lá, ou pior: o que a gente encontra nelas é feio e triste. Aí, mesmo que a parte de fora seja absolutamente linda, a gente começa a olhar diferente, começa a perceber no exterior traços da feiúra interna, e o que era bonito, derrepente fica feio, sem graça. Dá pena.
A maioria das pessoas é assim, chega a dar medo de sair por aí abrindo caixinhas... Tenho passado meus dias em meio a estas criaturas, que são como túmulos: por fora, paredes brancas de caiação, por dentro, cadáveres em decomposição.


"And I've been smiled for them for the past last months. But what I really wanted was to cry. Sad, sad."

quinta-feira, 12 de março de 2009

Nem tão óbvio assim.

Uma das características mais marcantes de um mau-dia é que ele parece não terminar nunca. Um mau-dia é feito de várias coisas (fatos e fatores), dispostos ao longo do dia de forma totalmente caótica.

Caos?

Atraso. Café frio. Sapatos desaparecidos, roupas amarrotadas. Mau-humor. Bolsas pesadas, ônibus perdidos, trabalho. Mais mau-humor.

Incoerências, relatórios que não funcionam, planilhas pouco intuitivas, desordem. Conversas improdutivas, gente que não te entende, gente que não entende de coisa nenhuma. Mentiras.

Cansaço, correrias, táxi-lotação errado, mais atrasos. Esperas intermináveis na porta da sala, matéria perdida, eu perdida.

Ônibus que não chega nunca, frio que sempre chega quando menos esperamos. Salto alto e dor no pé. Dor de cabeça.

Outro ônibus que não chega, fumaça de churrasquinho, fumantes que não pedem licença pra fumar em cima da gente e ainda soltam a fumaça assim ó, bem na nossa cara. Pensamentos inoportunos.

Pensamentos insistentes e inoportunos. Decisões incertas, Amores que crescem separados, indecisões e remorsos protelados. Culpa. Outro fumante.

Caminho de volta, bolsas, sacolas, pensamento lento, conversas interessantes.

Coisas pra fazer, dor de cabeça, carboidratos tardios. Preocupações antecipadas.

E, o pior de tudo, a certeza de que recomeça tudo amanhã.