"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

quarta-feira, 31 de março de 2010

E que venha o outono!

O dia hoje pareceu-me estranhamente colorido, como se alguém houvesse saturado as cores da minha vida. Para cada canto que olhasse, um novo contraste, novas cores. "Terá aquela cerca tido sua pintura refeita? E o céu, terá sido repintado?"
Mesmo nos locais onde haviam cores predominantemente claras, em tons pastéis, havia um placa, um letreiro, uma criança usando roupas coloridas. E todas as pessoas pareciam haver combinado de sair com suas peças de cores mais vivas. Que dia surreal! Seria possível que um sentimento se houvesse transmutado em sensação de forma tão visível, tão perceptível?

O calor aconchegante do sol integrava-se perfeitamente ao frescor do ar. De súbito, senti a necessidade de andar por caminhos diferentes, de dar uma volta maior e ver a praça.
Ah, a praça! Com suas árvores frondosas de cores vivas refletindo a suave luz do sol. Parecia ainda mais bela, iluminada diagonalmente pelo sol da tarde, já inclinado para seguir seu caminho e ceder lugar à noite. Ao olhar para o lado, enquanto caminhava por baixo da alameda lateral, foi-me impossível não deter-me para contemplar por alguns instantes a beleza do chafariz: devido à inclinação do sol, suas águas brilhavam suavemente iluminadas, jorrando em contraste com a sombra dos prédios, como se nelas repousasse a lua, aguardando a noite para retornar ao céu.
E assim transcorreu o dia cujas cores me surpreenderam até o último resquício de luz do entardecer. quando derramou todas as suas cores no pôr-do-sol, um dos mais belos que já vi.
De volta para casa, parei para refletir sobre o presente maravilhoso que Deus havia preparado para mim. Percebi que, ao encontrarmos o equilíbro e a paz, vemos coisas que, até então, não havíamos visto. Com o coração e a cabeça leves, nos permitimos elevar os olhos para tudo aquilo que nos cerca e enxergar de fato. Não é que o amor ou qualquer outro sentimento tornem o dia mais colorido. A verdade é que, quando somos enlevados por sentimentos de tamanha magnitude, nos damos conta - muitas vezes de forma interior e subjetiva - da verdadeira dimensão e significado da vida.

E que venha o outono! É primavera no meu coração.

domingo, 28 de março de 2010

Virando a página.

O ano passado representou a realização de um dos meus maiores sonhos, e a concretização do meu objetivo mais arduamente perseguido: concorrer ao título de Soberana da Festa da Uva.
Foram muitos percalços, muito estudo, muita batalha para que tudo o que vivi fosse possível. Mas o principal é que não foi uma tarefa realizada unicamente por mim: foi um trabalho de muitas mãos. 
Sem o apoio de tantas, mas tantas pessoas que não posso sequer pensar em enumerar, nada teria sido possível. 
Porém, embora eu permaneça Embaixatriz até o ano que vem, e pretenda continuar a exercer o cargo com a mesma dedicação que tenho tido até então, acredito que agora tenha chegado a hora de deixar que a Festa da Uva se torne, gradualmente, uma grata lembrança em minha história. Para que eu realmente possa me despedir desta rotina, é necessário que eu siga meus próprios ritos de passagem, entre eles, marcar o final deste conto de fadas moderno com uma postagem aqui no blog, que já carrega em suas linhas mais de quatro anos de história. 

Em primeiríssimo lugar, quero agradecer ao SIMECS, por tornar meu sonho possível e por compartilhar comigo o amor pela Festa da Uva, e por Caxias do Sul. À minha família e amigos, pelo carinho, amor, suporte e dedicação: sem vocês, eu jamais teria vivido este sonho tão intensamente. À Comissão Social, pelo cuidado com cada uma de nós, e por tudo o que nos proporcionaram neste período. Às minhas queridas mestras Tânia, Ciana, Regyna e a cada um que contribuiu com seu conhecimento e vivências durante todo o concurso para meu crescimento pessoal, meu agradecimento mais profundo e emocionado: vocês modificaram para sempre quem eu sou, de uma forma que jamais poderei expressar ou agradecer. Às Embaixatrizes e Soberanas da Festa da Uva de 2010, pela companhia, pela alegria e por dividirem comigo essa caminhada com todos os sentimentos e sensações que ela trouxe. Para sempre estaremos ligadas por esse laço secular e histórico, tão grande quanto significativo chamado Festa da Uva. Por fim, à toda a comunidade caxiense, pelo vivo afeto e respeito, por darem tamanha importância e significado a todos os dias empenhados em nossa função: muito obrigada. 

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Para sempre Embaixatriz do SIMECS (♥) na Festa da Uva de 2010.
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E, por fim, registro aqui o agradecimento feito em minha página pessoal no Orkut, e nas comunidades que foram feitas com tanto amor e carinho para apoiar minha candidatura: 


Queridos!
Trabalhei muito, vivi muito, senti muitas coisas. Fui muito feliz nestes quase três meses, e muito disto devo a vocês, por todas as coisas boas que ouvi, por tanto, mas tanto carinho que recebi. Tudo isto vai ficar para sempre gravado em minha memória e em meu coração. Vocês todos, que manifestaram seu apoio e afeto, tornaram o concurso algo muito mais significativo pra mim, e transformaram o resultado em uma sensação deliciosa de dever cumprido.
Eu só terei a agradecer, para sempre, por tudo o que tive o privilégio de viver.
Contem comigo para sempre, e recebam todo o meu carinho e gratidão.
Um beijo enorme no coração de cada um de vocês. 

domingo, 21 de março de 2010

Entre sonhos e objetivos

Alguns dizem que a vida é feita de momentos e que, como tal, devemos aproveitá-los ao máximo, extrair deles tudo o que puderem nos proporcionar. Outros insistem na máxima de que a vida é o próprio caminho da busca pela felicidade e, como tal, devemos viver intensamente a cada curva.
Seja como for, a vida é para mim, uma soma de aprendizados. É uma coleção de experiências que me enriquecem como ser humano, me modificam a cada acontecimento, me dizem como continuar a caminhar nesta estrada fascinante. E fazem de mim tudo aquilo que sou.
Estou prestes a começar uma nova etapa da minha vida. Uma etapa fascinante, enriquecedora e com promessas de muitas descobertas a fazer. Em troca de todo o conhecimento e alegrias que este período da minha vida poderá me proporcionar, ele exigirá de mim dedicação de lutadora, foco e muita perseverança. E sei que não estarei sozinha: tenho a sorte de poder contar com pessoas muito especiais, para fazer dos próximos meses, inesquecíveis. 

E que venha a vida, que venha 2010 e o Miss Rio Grande do Sul! Estarei com o coração e a alma preparados para eles.

O Extemporâneo

Porém, o difícil de aceitar, e portanto imposível de perdoar, é o extemporâneo: descobrir de repente uma pessoa comedida tendo uma atitude terrível e inesperada, surpreênde-la fazendo algo muito alheio a sua forma de ser. E não importa que depois de seu deslize volte a ser o poço de virtudes que era antes, nem que redobre uma bondade que já era grande. Nada, nem o mais extremo sacrifício conseguirá apagar essa única falta. Porque, em casos assim, não se trata de um "Dr. Hyde" ou demônio conhecido, mas de uma conduta extemporânea. E a extemporaneidade é aterradora. A extemporaneidade ninguém entende, porque introduz um fator imperdoável nas relações: o desencanto.


Fonte: Blog da Paula Taddeucci

Contradição

Somos todos versados em auto-torturas e desejos impossíveis. A felicidade só nos parece atraente se for libertadora, salvadora e inconstante, nunca contínua. Talvez por isto, mais do que nunca, estejamos juntos, estejamos perto. Porque nada substitui a dor e a delícia de um desejo eterno de felicidade. 
Falar disto não significa que eu, necessariamente o creia ou, menos ainda, que o queira. Mas é como me soa que as almas ajam, é como me parece que a vida siga; insistir no que dói, no que arde, no que enche de pavor, é um atributo exclusivamente humano. 
O amor, também este um atributo humano, ou é assim, ou é idealizado.

Si, si, ci voglio andare...*

São curiosas as formas que temos para preservar as memórias. Fotos, escritos, objetos. Todos eles, de alguma forma, são capazes de nos fazer recordar tempos passados. Mas a música, em especial, é a que mais me fascina. Mais do que apenas a lembrança dos fatos, ela pode nos remeter à sensação plena de momentos vividos. Ela provoca dores e sentimentos, saudades (ou mesmo alívio) pelo que se foi. Quanto mais preservada, quanto menos a tivermos ouvido depois de passado o momento que ela marca, mais intensas serão as sensações revividas, quanto tornarmos a nos entregar a ela.


Lembranças... Às vezes tenho a sensação de que poderia viver delas.


"...andrei sul Ponte Vecchio,
ma per buttarmi in Arno!
Mi struggo e mi tormento!
O Dio, vorrei morir!" *
*(O Mio Babbino Caro, Giacomo Puccini).

Un'altro strapo, un'altra pezza*

Tenho desejos incoerentes, de aventura e sossego, de amor e de paixão, de companhia e de autenticidade. De sonhos e de realidade.
Tenho receios de despertar alguém que possa cumprí-los todos, por que esse alguém também os pode destroçar. E com todos os meus desejos despedaçados, me despedaço também eu. 
Por amor ou por inércia, mantenho-me inteira (mesmo que com remendos), mantenho-me em pé,  lado a lado com a caixinha dos sonhos, mesmo temendo que dela saiam meus piores pesadelos e que eles me puxem pelo pé. 


E começo a crer que a diferença entre a verdade e a mentira encontra-se precisamente no quanto queremos crer. Em qualquer uma delas.




*Um outro rasgo, um outro remendo.