Protelo, mesmo quando sei que a escrita é a única solução para um desfecho favorável para o meu dia. Protelo porque estou acostumada, protelo porque não sei como será, protelo porque sim.
Deveria haver uma razão mais óbvia para as coisas que fazemos, para nossas atitudes, desejos e comportamento. Talvez haja e, neste caso, penso que talvez devêssemos estar mais preparados para ver o óbvio com a facilidade de quem analisa uma vida que não a sua.
Muitas vezes, deixamos as coisas pra depois por cansaço, por comprovadamente não gostarmos de algo, por sabermos exatamente o que acontecerá. No meu caso, costuma ser diferente: postergo porque desconheço o desfecho, o meio, os procedimentos. Deixo pra depois por medo de não saber fazer, ou de fazer de uma forma comum, sem brilho. É o maldito perfeccionismo me impedindo de existir, de viver. É a maldita auto-crítica que me habitua a perder para a dúvida, para o desconhecido. É o fato de parecer que, se não fizer, deixarei de cometer algum erro.
O que me faz pensar que sou tão boa que não possa fazer nada que não seja perfeito? Como foi que parei sobre este pedestal da perfeição, que é tão frágil quanto falho, baseado em algumas poucas vitórias que obtive, quando a vida me empurrou para a luta? E, o mais difícil de tudo: como faço para descer?