"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Falando em mudanças


Incríveis as coincidências da vida. Em um dia qualquer, estamos vivendo nossa vida como se fosse ser pra sempre assim. Entramos na rotina (ou a rotina entra em nós?) de tal forma, que já não fazemos planos para o futuro muito além das nossas férias - e olha lá. Na maior parte do tempo, estamos mesmo sobrevivendo para aguentar o mês, o semestre, o ano... Vivemos um dia depois do outro, acordamos e dormimos nos sentindo "só pelo feriado", esperando aquele momento em que poderemos "dar uma respirada" pra poder continuar na nossa roda de ratos. 
É aí que entra o inesperado: somos demitidos. Terminamos um relacionamento. Aparece, vinda do lugar mais inusitado, uma nova oportunidade de trabalho, que vai nos obrigar a alterar e repensar nossa rotina toda. Enviamos um e-mail inocentemente e o desenrolar dele acaba por nos mudar o rumo dos pensamentos no futuro. Viramos pais. E várias outras situações imprevistas, mas conhecidas, se encaixariam aqui. 
O fato é que é difícil imaginar quem seremos em dois anos, assim como há dois anos atrás, não poderíamos prever muito do que hoje somos. Até podemos planejar, pensar, definir alguns rumos pras nossas vidas, mas o fato é que Deus (a vida, o universo, use o termo que preferires) tem planos pra nós, e usualmente, eles não se encaixam com os nossos. E essa é a magia da vida: ela se move, se recria e se reconstrói. Ela se molda e se modifica a cada novo fato, novo acontecimento, novas descobertas. Pessoas entram em nossas vidas e mudam o rumo dela pra sempre; um livro nos modifica o pensamento, e já não conseguimos ver as coisas da mesma forma; uma viagem nos transforma irremediavelmente. A partir de de cada um destes fatos, somos diferentes. Não nos encaixamos mais na vida que pré-estabelecemos, e é necessário mudar. A vida urge, nossa alma grita, e acabamos por ceder e nos largar na torrente furiosa do desconhecido, do novo, das mudanças. 
Há quem relute, quem insista em se manter acorrentado á fraca ilusão de controle total sobre si mesmo e sobre sua própria vida. É uma questão de escolha, onde mesmo a falta dela não deixa de ser uma opção feita. Se optarmos por não ver, não agir, não decidir, nossa decisão já está tomada: ao invés de nadar ao sabor das marés e correntezas da vida, seremos por ela arrastados e não moveremos braços e pés para definir um rumo, ou sequer respirar, entre uma onda e outra. 
Mesmo com aquilo que não nos é permitido mudar, podemos alterar nossa percepção, e sermos felizes - ou não. A gente pode ver a beleza na tristeza (e vice-versa, infelizmente), dependendo de como treinarmos os olhos da nossa alma. 

Quase tudo é uma questão de escolha. Se não nos cabe escolher a ação, ao menos nos resta o ponto de vista. 

Um comentário:

Carlos Medeiros disse...

Mudanças bruscas assustam, mas costumam trazer algo bom para o futuro.