Meus textos mais sinceros nunca foram escritos. Minhas palavras mais livres, vindas do recôndido mais oculto da minha alma, nunca puderam chegar aos dedos. Garanto que não foi proposital: eles é que não conseguem força para chegar à superfície no momento em que posso capturá-los e dar a eles uma forma.
Os sentimentos e sensações que geralmente inspiram a palavra escrita precisam de liberdade total sobre nós, precisam nos ter por inteiro para poderem se manifestar. Não é suficiente estar esperando por eles, ou tentar resgatá-los ao sentar na frente do computador: eles desconfiam daquelas mãos livres e da mente solícita, e ficam quietos, até que estejamos completamente relaxados e desprevenidos. Quando tomamos banho, distraídos, quando estamos no ônibus, inertes e relaxados, ou especialmente, quando estamos com as mãos ocupadas e a mente completamente livre (estado usual de quem faz trabalhos manuais, como artesanato) eles vem. E vem intensos, num rompante de dentro pra fora, varrendo em ondas os sentimentos que estiverem no caminho entre nossa essência e nossa consciência.
Ah, e a esta sensação de ser invadido por aquilo que se é e se pensa, não há equivalentes. É o puro prazer de ser, é o momento em que tomamos posse de quem realmente somos, e nem prestávamos atenção.
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Enquanto eu não puder relaxar a alma, enquanto não puder viver a distração que dá origem à escrita, não considero que vivo: existo. Só vivo de verdade quando posso parar o mundo para ser sem pensar, sem medir. Sossegar o espírito e ocupar as mãos.
Nesses momentos em que a consciência súbita do que realmente sinto me invade, é que sou livre. E, livre, posso continuar a ser quem sou, ou simplesmente escolher me transformar, a partir do ponto em que realmente souber o que trago na alma.
2 comentários:
Bruna,
Aqui é a Elis do blog A Magia Real, lá do encontro dos skoobers, nossa flor, você escreve muito bem, é profundo e marcante, além de sincero e bonito. Adorei a forma com que se expressa...divulga lá no grupo dos skoober no face o link dos seus posts aposto que farão um baita sucesso....beijokas!!!
http://amagiareal.blogspot.com/
Lindo texto (como sempre), mas penso diferente (hoje). A mente não é cadeia do sentimento, é parceiro. Parceiro, pois o pensar é tão nosso quanto o sentir, e ambos nos transformam. São como pesos que nós equilibramos. E se deixarmos pender para um dos lados, o equilíbrio vai embora. Desequilibrados somos monstros de nós mesmos.
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