"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Textos livres

Meus textos mais sinceros nunca foram escritos. Minhas palavras mais livres, vindas do recôndido mais oculto da minha alma, nunca puderam chegar aos dedos. Garanto que não foi proposital: eles é que não conseguem força para chegar à superfície no momento em que posso capturá-los e dar a eles uma forma. 
Os sentimentos e sensações que geralmente inspiram a palavra escrita precisam de liberdade total sobre nós, precisam nos ter por inteiro para poderem se manifestar. Não é suficiente estar esperando por eles, ou tentar resgatá-los ao sentar na frente do computador: eles desconfiam daquelas mãos livres e da mente solícita, e ficam quietos, até que estejamos completamente relaxados e desprevenidos. Quando tomamos banho, distraídos, quando estamos no ônibus, inertes e relaxados, ou especialmente, quando estamos com as mãos ocupadas e a mente completamente livre (estado usual de quem faz trabalhos manuais, como artesanato) eles vem. E vem intensos, num rompante de dentro pra fora, varrendo em ondas os sentimentos que estiverem no caminho entre nossa essência e nossa consciência. 
Ah, e a esta sensação de ser invadido por aquilo que se é e se pensa, não há equivalentes. É o puro prazer de ser, é o momento em que tomamos posse de quem realmente somos, e nem prestávamos atenção. 

***

Enquanto eu não puder relaxar a alma, enquanto não puder viver a distração que dá origem à escrita, não considero que vivo: existo. Só vivo de verdade quando posso parar o mundo para ser sem pensar, sem medir. Sossegar o espírito e ocupar as mãos.
Nesses momentos em que a consciência súbita do que realmente sinto me invade, é que sou livre. E, livre, posso continuar a ser quem sou, ou simplesmente escolher me transformar, a partir do ponto em que realmente souber o que trago na alma. 

2 comentários:

Elisandra Eccher de Andrade disse...

Bruna,
Aqui é a Elis do blog A Magia Real, lá do encontro dos skoobers, nossa flor, você escreve muito bem, é profundo e marcante, além de sincero e bonito. Adorei a forma com que se expressa...divulga lá no grupo dos skoober no face o link dos seus posts aposto que farão um baita sucesso....beijokas!!!

http://amagiareal.blogspot.com/

Rafael Dourado disse...

Lindo texto (como sempre), mas penso diferente (hoje). A mente não é cadeia do sentimento, é parceiro. Parceiro, pois o pensar é tão nosso quanto o sentir, e ambos nos transformam. São como pesos que nós equilibramos. E se deixarmos pender para um dos lados, o equilíbrio vai embora. Desequilibrados somos monstros de nós mesmos.