"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos..."(Freud)

sábado, 10 de setembro de 2005

Ontem (só mais um detalhe...)

Tá, bom, eu sei. Não, não precisa falar denovo, nem fazer essa cara de quem está tentando ensinar o cachorro a fazer xixi no lugar certo. Você venceu, não precisa me lembrar de que só tenho dezessete (e portanto, não entendo nada de nada) e que estou sendo injusta, pedindo que me escute quando digo que não estou satisfeita com a minha vida. É claro, você está certíssimo, o fato de você fazer parte dela não significa nada, é exatamente como você disse: só um detalhe. Falando em detalhes, já te falei da minha adoração por eles? Ah, esqueci, isso não te interessa nem um pouco, bem como todo o resto das coisas que eu digo...são muito pequenas e insignificantes diante de um universo tão imenso e importante quanto o teu. Não importa que eu já não agüente mais fazer as mesmas coisas, nos mesmos horários, vendo as mesmas pessoas, contanto que eu continue aqui. Mas mesmo que não escute, vou falar: cansei. Cansei mesmo. E de vez. Como assim do quê? Não estava prestando atenção no que eu disse? Não.
Sabe do que eu sinto falta? De poder dizer “sim” a um convite doido, inesperado, no meio da noite de sábado, sem precisar me importar com mais nada. De, no caminho, olhar pra cima e ver estrelas, sentindo o vento frio da noite bater no meu rosto, tentando decidir se realmente estou ou não com frio. De ouvir a opinião sincera de um amigo sobre uma determinada cor ou tipo de roupa, ao invés do habitual “tanto faz”. E sinto falta de ser ouvida, de elogios, de beijos por gosto (não por obrigação), de liberdade musical, de alguém concordar comigo. Mas tudo isso não importa, porque hoje você está muito cansado para ouvir esse monte de besteiras que eu estou te falando, não é? Afinal, são besteiras, só detalhes. Tudo bem, eu entendo. Mas amanhã talvez eu já não queira mais falar. Talvez eu já não esteja mais interessada em tentar reparar coisa alguma...

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